3 TIPOS DE FÉ
Nem toda fé é verdadeira — há a que pensa demais, a que sente demais e a que realmente salva. Descubra, à luz de Colossenses, por que a fé verdadeira não nasce do homem, mas é um dom de Deus — firme, transformadora e enraizada em Cristo.
MINISTÉRIO
11/8/20254 min read


📖 “Assim como recebestes Cristo Jesus, o Senhor, assim também andai nele, arraigados e edificados nele e confirmados na fé.” — Colossenses 2.6–7
A diferença entre a fé racional, a fé emocional e a fé que vem de Deus
Vivemos em uma geração que fala muito sobre “fé”, mas quase nunca sabe o que ela realmente significa.
Para uns, ter fé é acreditar com a mente; para outros, é sentir algo no coração; para muitos, é apenas esperar que tudo dê certo.
Mas a Bíblia — especialmente a carta aos Colossenses — mostra que nem toda fé é verdadeira.
Há uma fé que nasce do homem e outra que nasce de Deus.
E somente esta última salva.
1. A FÉ RACIONAL — O ORGULHO DA MENTE
A fé racional é aquela que acredita enquanto consegue entender.
É a fé dos que exigem provas, explicações e lógica antes de crer.
Ela confia mais na razão humana do que na revelação divina.
Foi contra esse tipo de pensamento que Paulo alertou os colossenses:
“Cuidado, para que ninguém vos venha a enredar com filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens e não segundo Cristo.” (Cl 2.8)
A fé racional tenta encaixar Deus dentro das limitações da mente humana.
Ela se recusa a aceitar o que não pode medir, calcular ou explicar.
Mas Deus não cabe em fórmulas nem em laboratórios.
Essa fé é perigosa porque transforma a crença em orgulho intelectual — e o orgulho é o oposto da fé.
A fé verdadeira, porém, não despreza a razão: ela a submete à Palavra.
Crer não é parar de pensar, é pensar à luz de Deus.
A mente que antes questionava, agora se curva diante da sabedoria do Criador.
2. A FÉ EMOCIONAL (OU MÍSTICA) — O ENGANO DO SENTIMENTO
Se a fé racional idolatra a mente, a fé emocional idolatra o sentimento.
É a fé que vive de experiências, de sensações e de momentos de êxtase.
Ela diz: “Sinto, logo creio.”
Mas quando o sentimento desaparece, a fé desaparece junto.
Paulo também alertou os colossenses sobre esse engano:
“Ninguém vos domine... baseando-se em visões, enfatuado sem motivo algum pela sua mente carnal.” (Cl 2.18)
Essa fé é perigosa porque confunde emoção com salvação.
Ela busca o milagre, mas não a obediência.
Quer o poder de Deus, mas não o senhorio de Cristo.
Enquanto a fé verdadeira se firma na rocha, a fé emocional vive nas ondas — sobe e desce conforme o clima da alma.
Fé não é sentir — é confiar, mesmo quando não se sente nada.
A verdadeira fé não nasce do calor das emoções, mas da luz da verdade.
3. A FÉ VERDADEIRA — DOM DE DEUS, RAIZ EM CRISTO
A fé verdadeira não nasce do homem, mas de Deus.
O apóstolo Paulo diz claramente:
“Pela graça sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus.” (Ef 2.8)
Ou seja, até a fé é presente divino.
Não somos nós que decidimos crer; é o Espírito Santo quem abre nossos olhos e desperta o coração para confiar em Cristo.
Sem a ação de Deus, o homem é cego, surdo e endurecido.
Como diz Atos 16.14, foi o próprio Senhor quem “abriu o coração de Lídia para atender às palavras de Paulo”.
Essa fé é sobrenatural — ela não surge do raciocínio nem do sentimento, mas da revelação.
Deus concede fé para que o pecador veja o que antes ignorava: que Jesus é o Senhor e Salvador.
João Calvino explica:
“A fé é o principal dom do Espírito, pois é por ela que recebemos Cristo e todos os seus benefícios.” (Institutas, III.1.4)
A fé verdadeira, portanto, é obra da graça, não do mérito.
Ela é dom gratuito, firme e perseverante, porque foi plantada por Deus e sustentada pelo Espírito.
4. O PERIGO DA FALSA FÉ
A falsa fé parece genuína, mas tem outro fundamento.
Pode usar o nome de Jesus, frequentar a igreja e até fazer boas obras — mas confia no homem, não em Cristo.
Paulo chama isso de “aparência de sabedoria” (Cl 2.23): um verniz religioso que engana, mas não transforma.
A falsa fé promete segurança sem arrependimento e esperança sem obediência.
É como uma casa construída sobre a areia — bonita por fora, frágil por dentro.
No dia da tempestade, ela cai, porque nunca foi firmada na rocha da graça.
5. OS FRUTOS DA FÉ VERDADEIRA
A fé verdadeira não é apenas uma crença; é um modo de viver.
Ela se manifesta em obediência, gratidão e perseverança.
Como Paulo escreveu aos colossenses:
“Arraigados e edificados nele, confirmados na fé, crescendo em ação de graças.” (Cl 2.7)
Quem tem essa fé:
Pensa com a Palavra — não com a cultura.
Sente com o Espírito — não com o coração enganoso.
Age com obediência — não com impulsos.
A fé verdadeira dá paz em meio à dor, esperança em meio à perda e alegria mesmo nas provações.
Ela une a mente e o coração debaixo do senhorio de Cristo.
✝️ CONCLUSÃO: A FÉ QUE PERMANECE
A fé racional morre quando não entende.
A fé emocional desiste quando não sente.
Mas a fé verdadeira permanece, porque foi Deus quem a plantou.
Crer verdadeiramente é mais do que pensar ou sentir — é entregar-se.
É confiar que Cristo é suficiente, mesmo quando tudo parece ruir.
É descansar na graça, sabendo que a salvação não depende de quem crê, mas de quem concede a fé.
A fé verdadeira é o laço que nos une a Cristo e o dom que nos mantém firmes até o fim.
Por isso, todo cristão pode dizer com confiança:
“Já não sou eu quem vivo, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne, vivo-a pela fé no Filho de Deus, que me amou e a si mesmo se entregou por mim.” (Gl 2.20)
📚 Leitura Recomendada
João Calvino. As Institutas da Religião Cristã. São Paulo: Cultura Cristã, 2006 (Livro III – A Fé).
R.C. Sproul. O Que É Fé Verdadeira. São Paulo: Fiel, 2017.
John Stott. Cristianismo Básico. São Paulo: ABU/Ultimato, 2003.
Herman Bavinck. Dogmática Reformada: O Pecado e a Salvação em Cristo. São Paulo: Cultura Cristã, 2021.
